Homenagem a Isabel Ary dos Santos
Isabel Ary dos Santos Nasce em Lisboa a 9 de Março de 1940, de seu nome Maria Isabel Pereira Ary dos Santos, na freguesia de São Sebastião da Pedreira, filha de Carlos Ary dos Santos e Maria Bárbara de Castro Pereira Ary dos Santos. A infância despreocupada e feliz termina abruptamente com a morte súbita […]
Que não se perca a memória do InvernoNem da marca funda nos animais prostradosDepois do abate. O frio evocaA angústia, mas não o medo – aclaraOs contornos da fenda por onde Se avistam os vestígios de outrasVidas e de outra luz; o frioCumpre a desilusão, inverte o impulsoDiante das trevas – é dolorosoMas não corrompe. […]
Aproximações ao Pensamento de Joseph Ratzinger: a Teologia da Fraternidade (Ensaio)
Aproximações ao pensamento de Joseph Ratzinger – Artigo 1:a Teologia da Fraternidade. A primeira obra de Joseph Ratzinger a granjear grande audiência foi o Diechristliche Bruderlichkeit (Irmãos em Cristo), não se tratava propriamente de uma obra consagrada ao Pai e à Patrística, mas antes de um tratado doutrinal. Ratzinger havia já abordado a problemática da […]
Saí de mim mesmo,como quem sai à procura da promessa da noite.Era insuportável esse ninho enfadonhoonde sempre me acontecera.De tanto ser quem fora,enjeitara a lição dos pés no desejo dos trilhos.Todos os dias eram um recomeço desbotadosob os lençóis com que amortalhava o olhar.Fui então congeminar imprudênciasà soleira da coragem.Percorri desertos até ao limite do […]
Rosa Lobato de Faria: Romance de Cordélia (Ensaio)
Rosa Lobato de Faria: Romance de Cordélia – O Crime de Biofobia “Escrituras que não têm utilidade de lição, além de nelas se perder o tempo, que é a mais preciosa cousa da vida, barbarizam o engenho e enchem o entendimento de cisco, com a enxurrada dos feitos e ditos que trazem”. Os leitores que […]
Recensão do livro Latitude de Filipa Vera Jardim
PUREZA E BARBARIDADE – FILIPA VERA JARDIM “Somos um povo bárbaro e puro”, escreveu Herberto Hélder, no conto “Teorema”, do seu livro “Os Passos em Volta”; tendo a concordar com esta caracterização muito sumária dos Portugueses, sujeita a contestação, por facilitar a apresentação dos conceitos de pureza e barbaridade. Pureza, por detestarmos deixar assuntos inacabados; […]
CABRAS Minhas queridas cabras que não tive,não obstante haja tido muitas coisasque não eram cabras e que,em vez de balir, me algemavamaos gritos ficas presoenquanto quiseres cabras,e exclamavam: tendência antinatura,mistura de campónio e ser urbanoda cidade do Norte,a delida palavra pátriaque dizes ser a tua,a palavra ridícula,pátria, é como gritar versos na rua,e, não bastasse, […]
Passagem para a Índia, diário de bordo (Crónica)
Passagem para a Índia, diário de bordo Delhi, 10 de fevereiro de 2024 Old Delhi é a zona histórica da cidade, com origens que remontam a 1648, quando Shah Jahan decidiu transferir a capital mogol de Agra para Delhi. Atualmente coexistem na zona maravilhas arquitetónicas como o Lal Qila e a Jama Masjid, e Chandni […]
Do livro Palavras sem cicatrizes de Filipa Barata (Recensão)
Foi com muito prazer e emoção que aceitei o desafio do poeta e amigo Victor Oliveira Mateus para em conjunto apresentarmos este livro de poemas de Filipa Barata, Palavras sem cicatrizes. Certos acasos foram decisivos para que este livro fosse dado de novo à estampa, tal como expresso nas primeiras palavras de Manuel Barata, no […]
Filipa Andrea Barata nasceu em 21 de Janeiro de 1981. Era quarta-feira e o sol brilhou em Lisboa.Viveu quase sempre em Santa Iria da Azóia, com os pais, onde frequentou as escolas primária e a C+S. Posteriormente frequentou a Escola Secundária de São João da Talha, onde terminaria o 12º ano. Revelou, desde muito cedo, […]
Caderno de Exercícios (Contos)
CADERNO DE EXERCÍCIOS Exercício 1 – Errâncias Cesar Asir, obeso e largo, procurava asilo em casa de Ivo Mua, o arquitecto da moda, no País. Era um pequeno retiro no Amial, com um anexo que mais parecia uma cabina, um curral. Ficava no pátio. Um pátio, que dava para as traseiras da casa-mãe, mas dentro […]
A Minha Rua quando o manuel de freitasatravessa a minha ruaa caminho da rua conde das antaseu da minha janelaconsigo contar quantos passossão precisos para chegar a um poema .** Medida de Coação é por isso mesmoé como lavarmuitas vezes as mãospara não gastar águamas tu dissesteque eunão sou de ninguéme isso basta-nosno tempo que […]
Para o António Ventura, poeta discreto.Veio o verão, nessa primavera de 1986 que raramente amanhecera fria.O que fora um tremendo tempo, um ar de inverno a prolongar-se,deslizava já entre vagas litanias.Março nasceu cedo, dissera o senhor cura: são meses para poetas,flores de campónio, lírios sem cheiroque vagabundeiam nas serras e montanhas.São flores de agreste odor, […]
Carta não enviada de Eloísa para Abelardo Onde procurar a tua mãoagora que a minha é inútil?És infinito porque inatingível.Em êxtase de tiFui banida da sombra do paraísoao qual não aspiro.Entretanto,nada mais real do que o sofrimentodestas paredesexaltadas para te humilhar.Apaga resolutamenteo dia sangrentoe a clareza da minha dor sobrevivente.Aguarda-te um paraíso brilhante.Que baste, para […]
flamejar a palavra para que ela se torne a acção de um corpo sem partes,em lugar da paixão de um organismo feito em pedaçosGilles Deleuze..Penélope.Tenho um péssimo sentido de oportunidadeou estou atrasada ou adiantadadesapareço nesse intervalo de tempoquase não existo, não que faça muita questãomas às vezes dava jeito saber vivere sair do animismosou uma […]
A MÁSCARA DO POETA.1.Debruçado sobre a sua escrivaninha,juncada de folhas de papel imaculado,o poeta experimenta os aparos, as coresdas tintas com que irá mascararos seus versos, cortará as amarrase o fio com que se cosem as nuvensao céu do seu tempo de escrita,.o poeta dispõe-se a desenhar letras,letras que serão outras tantas amantesquando as vê, […]
Do Real Imaginário: Lugares, Pessoas, Etimologias... (Ensaio)
DO REAL IMAGINÁRIO: LUGARES, PESSOAS, ETIMOLOGIAS……ou três modos de diáspora: mental, emocional e imaginária. .Terminei recentemente a leitura de um livro convencida de que o autor não só conhecia perfeitamente, mas vivera nos locais onde situa a acção, a tal ponto me senti transportada a tais lugares. Refiro-me a O Diabo Desceu em Chichester, de […]