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Poesia portuguesa
Por Ivo Machado Publicado em Literatura, Poesia, Portugal a 25 de Dezembro, 2024 120 palavras
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Acordo de madrugada
e a Caravaggio pergunto por mim
às vezes penso que sou nós dois
se o digo sinto frio
porque não poesia em vez de negro?
só as formas se salvam
em tempo de esquecimento
já ninguém pede palavras
melhor assim
— Ou não, Caravaggio?

*-*-*

Como estar calado
nestes dias de insónia?
os poetas parecendo inúteis
são as suas palavras
como a rapariga da gelataria
em Vietri sul Mare
servindo sorvete
me pediu que continuasse —
sim, serei as minhas palavras
comigo conhecerão a terra
onde nos esperam
estou saindo de mim
pois é fora de mim
que falo de Ti.

*-*-*

É inverno
à minha porta
deixaram um cesto com laranjas
arrumei-as como livros
cada uma primeira edição
são laranjas
bem sei
mas nem sempre
lembrarei
que certos dias
são luminosas
como palavras.

*-*-*


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