menu Menu
Poesia portuguesa
Por Gaëlle Istanbul Publicado em Literatura, Poesia, Portugal a 2 de Março, 2025 351 palavras
Anterior Adepto da Bisca (Conto) Seguinte

Falar aos muros *

O traçado do labirinto 

a sete voltas:

  1. indagar cada uma das manchas
  2. detectar a dor no flanco
  3. abastecer os quinhões de perda
  4. abduzir antigas referências 
  5. invocar o contraditório 

(quantas memórias       largada a memória)

  1. fortalecer o zénite e o nadar 
  2. emergir dos quiasmos

No vale um leopardo intui a lua 

o fim da linha    a prata das margens 

e daí nasce a língua 

O que lhe dá a força de uma fome.

* Referência a “Je Parle aux Murs”, de Lacan, e a quando escreve « Ni à vous, ni au grand Autre. Je parle tout seul. C’est précisément ce qui vous intéresse. À vous de m’interpréter. »

*-*-*

Manicómio

Os loucos cravam nas laranjas o delírio dos paquidermes. Desfazem os gomos com armas de guerra. E saciam a ânsia à comédia que lhes escorre pela boca, garganta e peito. O pulmão da anca dos paquidermes transformado em suco. Eis como se formam os paraísos nas estâncias invisíveis de quem escolhe viver sem unhas.

*_*_*

Para a Maria Teresa Horta

A Divisa do Ser

Certos poetas deixam-nos     courelas. Outros, fazem transbordar a linfa

aquela vontade

       aquela ânsia

                aquele desmedo de Existir

A Maria Teresa Horta tinha 

a boca de Maio e o pulso de Fevereiro

ensementou «Sentidos*» nas vésperas lavradas 

do seu pousio

Por sobre tectos 

           despidos de Abris 

                   haverá melhor plantio:

Esta vontade

               inteira 

                       ávida 

                 desejos 

                         &  ressonâncias 

desde o coração até à raiz?

*-*-*


Anterior Seguinte

keyboard_arrow_up