Anatomia
poema longo
que se desbota
com o olhar na planície
da tua perna
encontro o calcanhar
quase gorducho
redondo
de um modelo antigo
a rota remota
em que a planície foi duna
e se comeu
com ventos e degelos
ao norte mais da coxa
que foi
sua firmeza
*-*-*
1 de Março
esta luz cinzenta
constante
que se aflora
do chão
delimita a representação
esquálida da sombra
*-*-*
morte que encontras
versos espalhados
pela mesa
levanta esse véu
e parte
os pássaros estão
cansados
anunciam os teus passos
que pesados
levas
e deixas
tanta incerteza
*-*-*
os poetas
são anjos
com grinaldas
de flores
e facas
*-*
Inez Andrade Paes – dilui-se um ciclo na face do poeta