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Poesia portuguesa
Por Eduíno de Jesus Publicado em Literatura, Poesia, Portugal a 12 de Outubro, 2024 187 palavras
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Com as Mãos

com as mãos
construo
a saudade do teu corpo
onde havia

uma porta
um jardim suspenso
um rio
um cavalo espantado à desfilada

com as mãos
descrevo o limiar
os aromas subtis
os longos estuários

as crinas ardentes
fustigando-me o rosto
a vertigem do apelo nocturno
o susto

com as mãos
procuro ainda colher o tempo
de cada movimento do teu corpo
em seu voo

e por fim destruo
todos os vestígios (com as mãos)
brusca-
mente

*-*-*

3 Cantigas de Mal Haver

1.

Minha estrela do Norte,
procurei-a ao Sul,
pelo ocaso do meio-dia,
ao nascer da noite escura.

Meu rumo Infinito,
Tracei-o na terra dura.

2.

Meu Jardim Suspenso
onde me perdi à procura
de uma rosa-chá que não há
na Terra nem no Céu azul.

Meu vinho, bebi-o de um trago
pela taça do Rei de Tule.

3.

Minha Torre de Marfim,
abri-a de par em par, expu-la
à vilanagem, abandonei-a
à infrene turbamulta.

Enfim, desci à terra (ai de mim!).
Cavei a minha sepultura.

*-*-*

Nota: os presentes poemas, selecionados pelo próprio poeta, acabam de ser publicados no livro Como Tenuíssima Espuma de Luz pela Nona Poesia, que, gentilmente, autorizou também esta publicação.


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