menu Menu
Poesia portuguesa
By Miguel Serras Pereira Posted in Literatura, Poesia, Portugal on 2 de Agosto, 2025 180 words
O Menino do Elefante de Luís Filipe Sarmento (Recensão) Previous Poesia portuguesa Next

Despertar

Não a lembrar nem esperar
mas despertar ao vê-la
e deixar-me de mim quando viesse

*-*-*

À transparência

Adensa-se o fulgor na luz à transparência
que se perdia no teu olhar que repetia
não pode não ser nunca só pode ser a enchente

Não me vês ver-te vir para me veres vir?

*-*-*

Transmutações

Incessante vaivém no rasto alado
das águas da ribeira transmutando
na carne a luz das coxas franqueadas
aos instantes folguedos que hesitantes
entre as mãos e os lábios encorajam

*-*-*

Outra boca

Entre os lábios entreabre
no escuro a língua rouca
pele de loba e favo
de mel de abelhas bravas
o bosque de outra boca

*-*-*

Entre

O tudo não todo nunca
nem nada nem ser somente

nem fora nem dentro o entre
que dentro e fora entrejunta

sem superfície nem fundo
porque é o entre a nascente

*-*-*

Onde não vêm

Viriam sem se terem esperado nunca
como sem saber como se encontrassem
ao dobrar de uma rua onde passassem
E voltam a passar onde não vêm

*-*-*


Previous Next

keyboard_arrow_up