menu Menu
Poesia portuguesa
Por Aurelino Costa Publicado em Poesia, Portugal a 4 de Outubro, 2024 232 palavras
Poesia portuguesa Anterior Poesia atual do Quebec: Exercices de joie (1, Première partie): versão portuguesa, página 1. Seguinte

Ouvindo um além

O som de fundo redivive outros
quando se entra no lagar.
Dona Gracinda funileira
dá experiências à nora
chora a água que dela
não jorra.

Ouvindo um além no estar prensando
pensando que a cotovia era um poeta
abriu-lhe a porta,
ela não entrou nem fugiu, bailou versátil
poisou-se em quadrilátero de pedra.

Depois de debicar água permitiu-se uma sarabanda
à volta da lareira
atada a uma meia de vidro
que Gracinda assimilou como folha de Flandres.

estalou no fogo

Vaporizou-se o lagar de um longo nevoeiro
líquido, dissipado em estampa
nos vidros das janelas.

-*-*-

A Couve galega

Cortaram a cabeça à couve galega.
Minha mãe não cortaria uma couve pelo olho.

Ereto o troço até morrer,
é pedestal da couve morta
não tem cara, nem tem rosto,
resta-lhe o seu pescoço.

Podiam ter-lhe tirado alguns filhinhos :
os arrebentos de lado,
as asas e mais nada!

E logo a couve mais bonita do quintal,
a imagem viva de minha Mãe!

Vou erguer um santuário
para conservar o tronco
e deixá-lo crescer,
pode ser que desponte!

Mas proíbo de o velar!

Ficará conforme está
no sarcófago do meu peito.

Só as rolas cantarão em sua memória.

Por Amor alguém a levou
para a panela da sopa
e com azeite e alho
subiu ao céu da boca!

Soube tão bem
como se beijasse minha mãe!


Anterior Seguinte

keyboard_arrow_up