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Poesia portuguesa
Por Cláudio Lima Publicado em Literatura, Poesia, Portugal a 29 de Abril, 2024 186 palavras
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1 –

Repouso no óbvio

Toalha sacudida aberta a voos
Curtos e rasantes a cortar o vento

Uma onda de espanto tão pequena
Quebra-se a meus pés sugada pela areia

Crianças buliçosas navegando à vista
Sob um olhar materno refreando as asas

Adiada viagem a reinos submersos
Onde habitam monstrinhos e sereias
Para com elas brincar entre corais

2 –

O mais leve prenúncio de dilúvio
Acode à asa avisada de uma ave
Em trânsito para onde ter os filhos

Peito aberto contra ventos e marés
De olhos feridos do açoite
Vence milhas e milhas sobre as águas
Rumo a ilhas de bruma e solidão

Nada lhe tolhe os membros indiferentes
ao atribulado curso da viagem

3 –

O fogo que grassa pelos livros
Eu pirómano de bosques imaginários
O ateio

Um fogo limpo que desperta
O aroma de resinas e de pinhas
Depois que os pássaros emigram
Deixando os ninhos devolutos
E os filhos emancipados
Noutras ilhas

Muitas novas primaveras hão de vir
Anunciar a ressurreição das folhas calcinadas
E da trama desnuda e ressequida
Das raízes

E eu
Pirómano de bosques imaginários
Terei páginas inteiras
De versos inflamáveis

Cláudio Lima
Gran Canária / 08.2023 / Inéditos


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