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Poesia brasileira atual
Por Marco Lucchesi Publicado em Brasil, Literatura, Poesia a 21 de Março, 2024 227 palavras
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Impura sagração da primavera.

A flor azul desperta em altas horas.

Na fina madrugada, que conspira,

a noite sangra no punhal da aurora.

*

Um gato no jardim, olhos azuis,

à noite, nesta praia, sem idade.

Janelas blasonadas para o caos.

A lua não desmente a claridade.

*

Negra nuvem, aurora à meia-luz.

Céu imaturo. Alvor indefinido.

Antigas pedras, rijas, bem subidas,

apuram a gramática da luz.

*

Sou vítima da noite, negro século.

Já não suporto o sol do meio-dia.

Perdi na escuridão os velhos óculos.

Lavo meu rosto na noite dos dias.

*-*-*

Marco Lucchesi, nascido em 1963, no Rio de Janeiro, possui vasta bibliografia, da qual se destacam livros de ensaio, como Nove Cartas para a Divina Comédia (2021), poesia, como Domínios da insônia: novos poemas reunidos (2019), além de memórias, diários e ficção. Recebeu diversos prêmios nacionais e internacionais. Como tradutor, verteu para o português autores como Giambattista Vico, Georg Trakl, Hölderlin, Ion Babu, Angelus Silesius, Mohammed Igbäl e Juan de la Cruz. Seus livros já foram traduzidos para mais de 15 línguas. Presidiu a Academia Brasileira de Letras (ABL) de 2018 a 2021. É professor titular de Literatura Comparada na Universidade Federal do Rio de Janeiro e atual presidente da Fundação Biblioteca Nacional (FBN), desde 2023. Site oficial: Poeta | Marco Lucchesi | Site Oficial


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