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Ano de 2024: sob o signo do Dragão Verde (Ensaio)
Por Rui Rocha Publicado em Macau a 19 de Março, 2024 3902 palavras
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Ano de 2024: sob o signo do Dragão Vede

O dragão é o rei dos animais escamosos.
Pode tornar-se preto ou branco, comprido ou curto.
Sobe aos céus no equinócio da Primavera
e mergulha nas profundezas no equinócio de Outono.

Xǔ Shèn (58 – 147). Dicionário dos Caracteres (shuōwén jiězì).

O Dragão representa o poder celestial mais elevado e, conjuntamente com o Tigre, são dois signos com as influências astrológicas mais benéficas.

As características atribuidas ao Dragão pela tradição cultural chinesa são: o poder masculino; a nobreza de caráter e a prosperidade; as boas colheitas agrícolas pois os dragões controlam o clima e as estações; a fortuna e a boa sorte razão pela qual as pessoas na China costumam gravar dragões em utensílios e itens pessoais para atrair o melhor que a vida tem a oferecer; a bondade e a cordialidade.

Uma das mais estranhas curosidades deste signo é a sua inclusão no rneio de animais reais, não míticos portanto, do zodíaco chinês provavelmente porque se terá acreditado que os dragões existiam ou se não existiam pelo menos coexistiram com o Ser Humano há muitos milhões de anos. Ainda hoje os restos fósseis do Fossilia Ossis Mastodi ou Os Draconis, de Mamutes, e outros animais préhistóricos são designados na China de “ossos de dragão” (lónggǔ), usados na medicina tradicional chinesa, bem como os dentes fósseis de marfim são designados de “dentes de dragão” (lóng chǐ ).

A figura mítica do Dragão na China parece ter sido inspirada no culto de Naga, a serpente de sete ou nove cabeças da tradição religiosa da Índia desde os tempos dos Vedas.

Para além disso, a serpente Naga é de significativa importância na tradição Budista em virtude da lenda que conta que quando Gautama (Buda) estava sentado em meditação na floresta, antes de atingir a Iluminação, uma veneradora serpente protegeu com sete voltas o Santo Gautama, rodeou-lhe a cabeça com as suas sete cabeças e opas insufladas e, por sete dias e sete noites, defendeu-o de todos os ataques de outros animais.

Admitindo a origem indiana deste tão emblemático signo, a verdade é que as características do Dragão e da Serpente no zodíaco chinês são actualmente totalmente distintas: enquanto a Serpente rege-se pelo

princípio negativo, malévolo e destruidor, o Dragão simboliza o princípio positivo, benevolente e as forças construtivas do Universo.

Porém, a ligação do Dragão à Serpente é claramente evidenciada na narração mítica das suas origens designadamente nas tradições chinesa e japonesa. Na mitologia da remota antiguidade da civilização chinesa, os heróis míticos Nǚwā e Fúxī foram os maiores e mais venerados heróis antes dos imperadores míticos Yán Dì e Huángdì. Nǚwā, protectora da Humanidade, criou o Ser Humano a partir do barro e decorou o céu com cinco pedras coloridas; Fúxī, inventor os Oito Trigramas, um conjunto de símbolos da China destinado a ilustrar a natureza da realidade como sendo composta por forças mutuamente opostas que se reforçam mutuamente, comunicava com os deuses e ensinou o ser humano a cultivar a terra e a pescar. Ambos tinham cabeça humana e corpo de serpente, o que significa que a serpente era um símbolo de grande elevação para os povos da antiguidade chinesa. De resto, a mais antiga descoberta de uma imagem de dragão em escavações arqueológicas apresentava o corpo de uma serpente.

Tema das artes e das lendas

De acordo com a mitologia japonesa o Dragão é gerado a partir de um ovo do tamanho de um ovo de avestruz. O feto, uma serpente pequena, esteve encerrado numa pesada concha de pedra que ficara adormecida no fundo do mar durante mil anos. Ao fim desses mil anos o ovo flutuou à superfície do mar onde, atraído pelas suas cores, alguém o terá apanhado e colocado em terra firme. Outros mil anos terão passado até que a pequena serpente saísse da clausura e aparecesse à luz do sol.

Rapidamente a pequena serpente cresceu em tamanho e, provocando uma tempestade, ascendeu ao Céu (Sun, 1996).

O Taoismo atribui ao Dragão propriedades mágicas. Para o Taoismo o dragão é o proprio Tao, uma penetrante força vital apenas momentaneamente revelada ao Ser Humano. O dragão representa igualmente o quinto rmoterrestre no ciclo sengxiao (zodiacal).

O Budismo, por seu lado, atribui-lhe propriedades espirituais como protector de divindades e guardião dos templos. (Rocha, 1997), pintar, por exemplo, um dragão surgindo das núvens é representar a manifestação, simbolizando a ilusória visão da verdade (Dillon, 1998)

O Dragão foi e continua a ser o tema favorito e recorrente das artes e das lendas do Oriente. Em Macau é-nos familiar, por exemplo, o Festival dos Barcos-Dragão que tem lugar no quinto dia do quinto mês do calendário lunar chinês que corresponde aos finais do mês de maio e de junho do calendário gregoriano. Como também o é a dança do Dragão durante as festividades do Ano Novo Chinês que originariamente foi inventada para pedir chuva para as colheita e para eliminar epidemias, e ainda o nome de Kowloon na Região Adminstrativa Especial de Hong Kong que significa “Nove Dragões”. Os nove dragões chineses são os nove filhos mitológicos do Rei Dragão, razão pela qual o número nove era considerado o número do imperador.

Na China é conhecida uma popular fruta chinesa chamada lóngyǎn, que literalmente significa “olho do dragão”.

A imagem do Dragão aparece desde muito cedo na cultura chinesa. Vasos pintados do neolítico são decorados com desenhos do dragão. Ainda do período do neolítico chinês os arqueólogos descobriram recentemente na região de fronteira entre a Mongólia Interior e província de Liaoning peças de jade trabalhadas, rara beleza, com a forma de dragão, tendo sido igualmente produzidas há 5-6 mil anos.

Mas a imagem do Dragão encontra-se profusamente representada em toda as manifestações artísticas ao longo das dinastias chinesas. Na dinastia Xia (2100-1600 a.C.) a figura do Dragão aparece na cerâmica com formas mais desenvolvidas e estilizadas; na dinastia Shang (1600-1100 a.C.), o Dragão é motivo para o trabalho em jade e para os motivos decorativos das peças em bronzes, tal como o próprio carácter “dragão” aparece na escrita dos ossos e carapaças (jiǎgǔwén) (Rocha,1997).

Nos períodos da Primavera e do Outono e dos Reinos Combatentes (770-221 a.C.) o dragão é tema para as lacas e para o jade, bem como para a poesia e para a pintura.

A lenda chinesa “A Pérola e o Dragão”

É comum verem-se representações do Dragão segurando uma pérola.
A história do dragão e da pérola tem origem numa área rural da província Sichuan da China, que era governada por um imperador ganancioso e corrupto. Nessa zona rural as colheitas deixaram de produzir e as pessoas começaram a morrer de fome e de sede. Quase não havia sinais de vida e a vegetação estava completamente seca. Nesta população desesperada, vivia um rapaz camponês chamado Nièlǎng e a sua mãe.

Todos os dias, o menino aventurava-se a recolher o máximo de pastagem que conseguia para vender como forragem para alimentação do gado. Dessa forma, conseguiu levar para casa uma tigela de arroz para ele e para a sua mãe. À medida que os dias foram ficando mais quentes, a folhagem escasseou e a mãe de Nièlǎng ficou doente devido à desnutrição. Ele pensou consigo mesmo: “Deve haver uma parte desta terra que é fértil mas que me escapou”

Determinado a salvar a sua mãe, parte a pé, e caminha um longo percurso até chegar a uma montanha. Subindo ao topo da montanha, olha do cume e fica desapontado ao ver à sua volta o mesmo nada espelhando a terra de onde veio. Quando se preparava para voltar para casa, percebe um movimento pelo canto do olho: uma lebre saudável e rechonchuda. Segue sorrateiramente a lebre, preparando-se para a apanhar. Enquanto ele se espreme por uma pequena fenda nas rochas na perseguição da lebre, é saudado por um exuberante terreno de pastagem!

Com lágrimas nos olhos, agradece à lebre enquanto atravessa a generosa abertura de vegetação e recolhe vegetação suficiente para trocar por comida e levá-la para a sua mãe doente e para ele.

Capaz de sustentar a mãe com uma refeição fantástica, está determinado a sair em busca de mais no dia seguinte. Segue de novo ao cume da montanha até encontrar a fenda verdejante. Para sua surpresa, o pedaço de pasto que tinha colhido com entusiasmo no dia anterior estava lá, aparentemente intocado. Sem pensar duas vezes, pegou na sua foice e foi-se embora. Uma vez mais, consegue trocá-lo por uma refeição satisfatória.
Vários dias se passaram e a rotina de apanhar pasto e vendê-lo em troca de comida tornou-se uma rotina.
Certa manhã, Niè lǎng pensa consigo mesmo em quão longe é o caminho até ao campo de pastagem e tem uma ideia: “Se eu desenterrasse uma parte do pasto, poderia plantá-lo perto de nossa casa. Assim não terei que viajar tanto todos os dias.” Ao cavar cuidadosamente ao redor da vegetação, começa a ver algo grande, redondo e brilhante. Encantado com a sua beleza, coloca esse belo objeto no saco e leva-o para casa. Depois de plantar o pedaço de pasto exuberante perto de sua casa, mostra a pérola para a sua mãe, sugerindo vendê-la por um preço alto. Ela discorda e diz que é uma bênção ter algo tão lindo entrando nas suas vidas. Por isso ela coloca a pérola em segurança num saco de arroz. Naquela noite, Nie Lang adormece, com fome pela última vez, sonhando em como ele e sua mãe nunca mais terão que sofrer.

Na manhã seguinte, Nièlǎng corre entusiasmado para o seu pequeno jardim, pensando encontrar o pequeno pedaço terreno verdejante que plantou mas apenas encontrou ervas murchas e secas. Caindo de joelhos, ele grita para si mesmo: “Se eu não tivesse sido tão preguiçoso!” Nesse momento, a sua mãe corre até ele gritando: “vem rápido!” Eles são surpreendidos com o saco transbordando de arroz onde a mãe de Nièlǎng havia guardado a pérola!

Como tinham muito para consumir entre os dois, decidem compartilhar a sua prosperidade com os vizinhos. Com o passar do tempo, percebem que essa pérola mágica tinha o poder de aumentar a quantidade de qualquer coisa que ela enfeitasse.

Um dia, a notícia de suas riquezas espalhou-se entre pessoas mal intencionadas. Pessoas gananciosas que, em algumas versões desta lenda, diz-se que estavam sob as ordens do imperador e que foram à aldeia Nièlǎng para arrancar o segredo da mãe e do filho. Depois de quase destruírem o pouco que Nièlǎng e a sua mãe possuíam, pressionaram a mãe a falar sobre a pérola e ela acaba por ceder contando tudo sobre a pérola. Ao ouvir isso, Nièlǎng instintivamente coloca a pérola na boca.

Depois de alguns abusos por parte dos empregados do imperador , o menino inevitavelmente engole a pérola e chora desesperadamente por água pois sente uma sede que nunca tinha tido antes. Grita que sente calor e que existe algo a arder dentro dele. Entretando consegue libertar-se dos seus carrascos e corre para a margem do rio mais próximo, consumindo o pouco de água que restava nele.

De repente, nuvens negras de tempestade apareceram e fortes relâmpagos cercaram toda a paisagem em volta. A chuva caiu, cobrindo a terra. O rio jorrou com uma enchente de água. A mãe de Nièlǎng chora, pois o seu filho transformara-se numa criatura serpentina gigante. Graciosamente, o dragão começou a subir em direção ao céu. Ela despede-se do filho e agradece-lhe por ser o protetor das suas terras.

Razão pela qual se diz na China que o dragão é o protetor das colheitas e o regulador das núvens, das chuvas e das águas. Razão pela qual também se diz na China que a pérola é um símbolo de boa sorte, riqueza e poder.

Símbolo de poder

A partir da dinastia Han (202 a.C.- 220) verifica-se o crescimento do estatuto do Dragão como representação simbólica do poder, associado ao poder imperial. Este novo desenvolvimento está ligado ao aumento do tamanho do trono do imperador Liúbāng (202 a.C.-195 a.C.). Liúbāng era descendente de famílias de humildes camponeses e dificilmente se poderia comparar com os descendentes dos reis e príncipes dos Seis Estados. Para se compara a eles inventou a história do seu nascimento que reza assim: Estava a sua mãe a dormir à beira de um lago quando encontrou um deus nos seus sonhos. Quando o seu marido veio à sua procura viu um dragão montado nela. Subsequentemente ficou grávida e deu à luz o imperador Gaozu. Quando se tornou homem apresentava a configuração de um dragão e uma bonita barba. Tinha 72 manchas negras na sua coxa esquerda. Era benevolente e de caridoso. (Yang; Xu 1988)

As dinastias Wei, Jin, e as do Norte e do Sul (220-589) produziram pintores altamente especializados na imagem do Dragão. Cao Buxing, Lady Zhao, pintores do reino de Wu, e particularmente Zhang Zengyao da dinastia Liang são considerados os pintores mais virtuosos desta temática. Não chegaram aos nossos dias quaisquer pinturas de dragões de Cao Buxing ou de Zang Zengyao.

Nas dinastias Sui (590-617) e Tang (618-906) a figura do Dragão é representada largamente em murais, peças de ouro, prata e jade, bem como em vasos de barro e de porcelana. Durante o período das Cinco Dinastias (907-960) e da dinastia Song (960-1279) os pintores de dragões cresceram em número e formaram uma escola de arte designada “Escola do Dragão e do Peixe”. Os pintores consagrados desta escola viveram no período da dinastia Sóng: o monge budista Chuan Gu, Dong Yu e Chen Rong.

O uso indiscriminado da figura do Dragão, símbolo do poder imperial, levou a que os imperadores da dinastia Yuan (1279-1368), publicassem éditos imperiais proibindo o seu uso principalmente em vestuário. Assim, determinaram também que o Dragão com 5 garras era de utilização exclusiva do imperador e o Dragão utilizados pelos ministros e posições mais baixas teria 4 ou 3 garras. Estas disposições imperiais foram igualmente adoptadas, quer pela dinastia Ming (1369-1644) quer pela dinastia Qing (1644-1911). Conta-se que alguém, na dinastia Qing, em Jingdezhen, província de Jiangxi, pintou um dragão com cinco garras douradas, tendo sido, por isso, condenado à morte e executado, bem como toda a sua família.

Mas já entre 1111 e 1118 o imperador Weizong da dinastia Song tinha publicado um édito imperial que Já entre 1111 e 1118 o imperador Weizong da dinastia Song tinha publicado um édito imperial proibindo o uso do dragão e de decoração dourada sob pena de um castigo de dois anos de prisão ao infrator. A despeito das tentativas dissuasivas de sucessivos imperadores tais proibições foram ignoradas.

De facto o grande desejo dos imperadores serem os únicos detentores de tão benéfico símbolo nunca foi conseguido. O povo chinês em numerosas e diversificadas manifestações folclóricas exibem o dragão como um símbolo das quatro bençãos: harmonia, virtude, prosperidade e longa vida.

Presença na literatura

Também os contos populares e lendas sobre o Dragão são inúmeros: a novela Jornada para o Oeste, de Wu Chenghen (1500-1580) incluyi vários contos como: “O Rei Dragão no Mar Oriental teve de oferecer o seu tesouro”; O Rei Dragão do Rio Jing que oferenda o Céu” e “O Pequeno Dragão Branco que se tornou um cavalo branco”.

Recorde-se ainda a bela história”Nezha perturba o mar” em que a formosa e corajosa Nezha afronta o dragão, símbolo do imperador e a história “Pintando o Olho do Dragão”que tem um particular interesse para os artistas e amantes da arte.

O número nove (9) é o número por excelência do dragão, pois 3×3 simboliza vigor masculino associado ao dragão e a ladaínha “o dragão tem nove filhos, cada um diferente (yi long jiuzi, ge zi bié) é repetida como desejo de boa sorte para os jovens casais No novo dia do nono mês lunar {duplo nove) a festa do duplo Yang , o “princípio masculino” (Rocha, 1999) era observada do seguinte modo: os homens subiam à montanha e enrbebedavam-see com vinho de flores de crisântemo.

Os murais representando nove dragões são ainda muito apreciados na arquitectura. As antigas inslalações da Universidade de Macau, na Taipa apresenta na sua entrada principal um mural com nove dragões. E alguns murais narram uma lenda.

A lenda do famoso mural dos 9 Dragões de Datong, província de Shanxi conta que quando os Nove Dragões passeavam no mundo humano eram tão ávidos das oferendas deixadas nos templos locais em sua veneração que se embriagam e descuidadamente provocaram chuvas fortíssimas. Tal situação provocou uma completa alteração das quatro estações, o que gerou calamidade atrás de calamidade. O Rei Celestial teve, por isso de os confinar, respectivamente no meio e nas quatro direcções a fim de repor a ordem nas estações do ano.

Na tradição mitológica chinesa encontramos várias espécies de dragões: o Dragão Celestial que reside no céu, guarda as mansões dos deuses onde protege os deuses celestiais de caírem na terra; o Dragão Espiritual é azul e controla tanto a chuva quanto os ventos. A sua função é garantir que os seres humanos beneficiem destes dois elementos que faz o vento soprar e produz a chuva para benefício da Humanidade; o Dragão Terreno ou do Submundo. Este dragão controla rios, riachos e mares. Acredita-se que é a versão feminina do dragão espiritual e por isso os dois podem copular; Dragão dos Tesouros Escondidos que monta guarda às riquezas longe da vistas dos mortais. Os chineses acreditam que este dragão pode proteger tesouros escondidos como metais preciosos, dinheiro e riqueza pessoal; Dragão Alado. O fato deste dragão ter asas é um tanto estranho, considerando que a maioria dos dragões chineses não tem asas. É, no entanto, um tipo de dragão muito significativo. Simboliza chuva e, às vezes, inundações; Dragão Anelado ou Dragão Espiral, conhecido por viver no mar, o dragão espiralado controla o tempo. Embora a maioria dos dragões possua a habilidade de ascender ao céu, o dragão Espiral está restrito às águas; Dragão de Chifres. é um dos dragões mais poderosos da tradição chinesa. Embora às vezes seja descrito como tendo tendências malignas, também está associado a fazer chove; Dragão Amarelo. que emergiu das água do Rio Lo para oferecer os elementos da escrita ao herói Fu Xi; Quatro Reis Dragões. Na tradição mitológica chinesa existem também os Quatro Reis Dragões que regulam, cada um, um dos quatro oceanos que banham o planeta Terra. (Eberhard: 1986). o Rei Dragão. Por último, o rei dragão ou deus dragão é considerado o mais poderoso de todos os dragões. Ele pode aparecer numa variedade de formas e muitas vezes é descrito como humano. Acredita-se que ele reine sobre os mares da China em todas as quatro direções: Leste, Oeste, Norte e Sul. (Williams, 1996).

Por vezes os dragões são subdivididos em dragões do mar, do ar e da terra. Mas também os dragões podem ter diferentes cores: vermelha violeta, azul, verde, amarela, branca e preta.

O Dragão Azul (ou Verde) é, por exemplo, o regulador da direcção Este (o Tigre Branco do Oeste, a Tartaruga Preta do Norte e a Fénix Vermelha do Sul (Rocha, 1998), o Dragão Preto é o regulador das chuvas, o Dragão Branco é o produtor de ouro quando expele o seu hálito sobre o mundo, o Dragão Violeta é o produtor de bolas de cristal a partir da sua saliva, o Dragão Ambar é o Dragão das Montanhas, das Cavernas e dos Pântanos.

Um animal cultural

O dragão é, porventura o símbolo exterior e visível que melhor identifica e distingue a cultura e a civilização chinesas. Para a mente chinesa, o dragão tornou-se ao longo dos milénios de cultura e de pensamento chineses a representação daquilo que foi a sua própria civilização “um animal cultural e civilizado”. De resto a figura do Dragão chegou a ser a bandeira Nacional da China entre 1862 e 1912.

Na China, o Ano do Dragão é sempre um ano auspicioso que se associa às chuvas (boas colheiras) à fertilidade, ao sucesso, à criação e inovação artísticas, em regra transbordantes.

Estando associado à astronomia da Antiga China, pois uma das cinco constelações mais importantes do Céu chinês, era designada por Dragão Verde da Primavera, promovendo em cada ano do Dragão excitantes descorbertas cosmológicas. O Dragão, é importante relembrar, simboliza também a mística, o sobrenatural, o oculto e os novos movimentos religiosos.

Se por acaso tiver uma filha ou um filho nascido no Ano do Dragão, de acordo com o ano do Dragão em que nasceu deve atribuir-lhe o radical chinês no seu nome, em consonância com o elemento do sistema filosófico chinês dos Cinco Elementos da (wǔ háng) que nesse Ano do Dragão o rege (metal jīn; madeira mù; água shuǐ; fogo huǒ; terra tǔ).

Referências bibliográficas

Dillon, Michael (1998). China, a Cultural and Historical Dictionary. Surre: Curzon

Eberhard, Wolfram (1986). A Dictionary of Chinese Symbols. London: Routledge & Kegan Paul

Rocha, Rui (1998). O Tigre. Macau: revista Macau, n. 69, Janeiro.

Rocha, Rui (1997). Chan, a Clara Virtude do Budismo Chinês. Revista Macau, n. 68, dezembro.

Rocha, Rui (1997). Caligrafia Chinesa, Macau, n. 67, Outubro

Sun, Ruth Q. (1996). The Asian Animal Zodiac. Tokyo: Tuttle.

Williams, C.A.S (1996)

Yang Xin; Li Yihua; Xu Naixiang (1988). The Art of the Dragon. Hong Kong: The Commercial Press.


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