menu Menu
Poesia luso-colombiana
Por Lauren Mendinueta Publicado em Literatura, Poesia, Portugal a 19 de Dezembro, 2023 470 palavras
Poesia portuguesa Anterior Poesia portuguesa Seguinte

Carta não enviada de Eloísa para Abelardo

Onde procurar a tua mão
agora que a minha é inútil?
És infinito porque inatingível.
Em êxtase de ti
Fui banida da sombra do paraíso
ao qual não aspiro.
Entretanto,
nada mais real do que o sofrimento
destas paredes
exaltadas para te humilhar.
Apaga resolutamente
o dia sangrento
e a clareza da minha dor sobrevivente.
Aguarda-te um paraíso brilhante.
Que baste, para mim,
como até agora
tu me visitares em sonhos.
.
*
.
Carta no enviada de Eloísa para Abelardo

Dónde buscará tu mano
ahora que la mía es inútil?
Eres infinito por inalcanzable.
Arrebatada de ti
fui desterrada de la sombra del paraíso
al que no aspiro.
Y sin embargo
nada más real que el sufrimiento
de estas paredes
exaltadas para humillarte.
Borra resueltamente
el día sangriento
y la claridade de mi sobrevivido dolor.
Aguarde para ti el fulgurante paraíso.
Para mí baste
como hasta ahora
tu visita en sueños.
.
.

***

A torre de marfim

O mundo é uma torre de marfim, em vão
busco uma porta nas suas paredes curvas.
Pareço uma atriz a fazer papel de bêbeda,
caminho em linha reta,
nunca ziguezagues. Não sou uma profissional
da atuação, nem mesmo me assemelho,
mas caminharei tentando fazer uma linha reta.
Por vezes, sento-me diante do computador e procuro
todo o tipo de coisas, desde sapatos até amor.
E sim, encontro tudo lá, porque o mundo é uma torre
e sou prisioneira como todas as coisas, é inevitável.
Quando me olho ao espelho, surpreende-me o quão comum
parece o meu rosto, e digo para mim mesma:
é bom ser tão comum, não te assustes.
Volto a sentar-me diante do computador e encontro
as mesmas coisas, tudo, tudo, até o amor.
E ali mesmo, a teclar,
tento compreender
porque me sinto livre na gaiola do pássaro.
.
*
.
La torre de marfil

El mundo es una torre de marfil, en vano
busco una puerta en sus paredes curvas.
Parezco una actriz representando a un borracho,
camino tratando de hacer una línea recta,
nunca eses. No soy una profesional
de la actuación, ni siquiera lo parezco,
pero caminaré tratando de hacer una línea recta.
A veces me siento frente al ordenador y busco
toda clase de cosas, desde zapatos hasta amor.
Y sí, todo lo encuentro allí, porque el mundo es una torre
y estoy atrapada con todo lo demás, es inevitable.
Cuando me miro al espejo me sorprende lo común
que parece mi rostro, y me digo:
es bueno ser tan común, no te asustes.
Vuelvo a sentarme frente al ordenador y encuentro
las mismas cosas, todo, todo, hasta el amor.
Y allí mismo, tecleando,
trato de comprender
por qué me siento libre en la jaula del pájaro.
.
.
Traduções do espanhol para o português de Sara F. Costa.
.
.
.
In Se o amor fosse possível. Fafe: Editora Labirinto, 2023.
.
.


Anterior Seguinte

keyboard_arrow_up