As catadoras de maçãs
Saia sobre saia
trazem corpos vestidos
para o inverno fechar
A gramínea fria não alcança
pés guardados em botas
e caminhantes em fila
No refino da coleta
contorcem seus finos braços
meio tato, meio olhar
arrancam do caule fresca fruta
Mulheres de rostos rubros,
outras já tendo sulcos,
repetidas vão
até o cesto vir à tona frutos
E cantarolam e tanto
até a tarde abrir noites
de frutos livres
e sem pecado.
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Estivadores
Dias dispostos
No cais dos portos
De peito aberto
na preamar
Tirando o peso do navio
para a cidade diluir
Levando peso pro navio
levar para o mar
No peito do estivador
batem todas as cargas
na boca de estivador
porão – a boca da noite
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Simone Andrade Neves nasceu Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil, no ano de 1974. Autora de livros “Corpos em Marcha”, Ed. Scriptum, 2015(Brasil) e na Itália pela Edizioni Kolibris em 2020; “Dor Andorinha”, Ed. Leve 1Livro, 2015 e “Terrário”, publicado no Brasil pela Selo Demônio Negro em 2020. Seus poemas foram publicados em diversas antologias no Brasil, Peru, Venezuela, Portugal e Estados Unidos.