Musa a ouvir Verdes Anos e outros poemas
Musa a ouvir Verdes Anos
No coração de quem passa
Verdes Anos, quem diria
Músico Rui, de sua graça
Reinventa a melodia.
No Metro Restauradores
Tudo o que era inda está
Ao fundo dos corredores
Os cafés Luanda e Vává.
Musa à porta da Escola
Cinco e meia na Rua do Telhal
Sobem as escadas mães e pais
À espera das crianças sem igual
Que todas afinal são especiais.
Há quem não consiga desligar
Motores e mudanças, lentidão
Quando chove a rua é um mar
A gabardina vai vestir o coração.
***
Musa em almoço com Helena e Zé Lopes
Com Francisco e Zé Vilela
Num fanzine imaginado
Na parede que é janela
Vejo a Musa deste lado.
É peixe, carne e grelhado
Fruta e doce, café e rua
O repasto terminado
Não acaba e continua.
Musa em azul celeste
As ondas são Natureza
Tua voz é uma Cultura
Alcancei uma certeza
Encontra quem procura.
Pensamentos profundos
Nascem desta maneira
Na voz que liga os mundos
Há o clarim e a bandeira.
***
Musa em azul e branco
Mulher em flôr que perfuma
Este escritório acanhado
Traz uma espécie de espuma
Já passou por todo o lado.
No som da voz a melodia
No cabelo a tempestade
Quem diria, quem diria
Que começa outra cidade.
***
Musa em café de subúrbio
São sete mulheres em duas mesas
Os homens esquecidos, obliterados
Circulam nas rotinas portuguesas
São outros os encontros marcados.
Aqui o púlpito é esta televisão
Uma mensagem circula pelo ar
A reportagem no lugar do sermão
Os fiéis no café rezam devagar.