HAY ciervos en mi sueño
sus ojos
guardianes del miedo
rastrean los bosques extraviados
dentro de mis pupilas
hablan
todas las lenguas
que alguna vez he sabido
y yo los entiendo
y me regocijo
cuando el caos se me hace cosmos
desde dónde amar
desde un lugar de aire y luz
que sólo existe en la memoria
desde una infancia imaginada
que palpita dentro de este sueño
como el movimiento inalcanzable de una estrella
las palabras
duermen en mi garganta
un sueño superfluo
desde dónde escribir
desde aquel verso incierto
que al leer dejé de serme ajena
desde antes de cualquier comienzo
sin comienzo
porque jamás tuve un primer amor
porque jamás escribí un primer verso
HÁ cervos no meu sonho
os seus olhos
guardiães do medo
perscrutam os bosques longínquos
dentro das minhas pupilas
falam
todas as línguas
que já conheci
e eu entendo-os
e regozijo-me
quando o caos se me faz cosmos
desde o lugar do amor
desde um lugar de ar e luz
que só existe na memória
desde uma infância imaginada
que palpita dentro deste sonho
como o movimento inatingível de uma estrela
as palavras
dormem na minha garganta
um sono supérfluo
desde o lugar da escrita
desde aquele verso incerto
que ao lê-lo deixei de me ser alheia
desde antes de qualquer começo
sem começo
porque jamais tive um primeiro amor
porque jamais escrevi um primeiro verso
Tradução do espanhol de Victor Oliveira Mateus