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Poesia Espanhola Atual (versão bilingue)
Por Emilio Quintana Pareja Publicado em Espanha, Literatura, Poesia a 19 de Setembro, 2021 609 palavras
Palavra, Presença e Ausência nas Obras de Wenders e Dreyer (Ensaio) Anterior Dois Poemas Inéditos Seguinte

Los Jardines de Marzo

huyen como horizontes asaltados,
como estampidos tenues cuyo sentido ignoro.
José Luis Hidalgo

Y de dónde han salido estos gorrioncillos
que beben en el charco
que nos dejó el invierno

instantes fugitivos de lo eterno
entre crocus y tréboles
cavando
                en el montículo de grava

y de dónde han salido

inquietos reyezuelos
de un bosque de oxidados manillares
monarcas de las vallas inestables

Cada vuelta a la casa

        (el musgo del cansancio en todo el cuerpo
        la hojarasca huidiza del asfalto
        el roce del ramaje en cada encrucijada)

cada vuelta a la casa
-con su alada sorpresa-
levanta remolinos de esperanza

        en este que es jardín destartalado
        de mi yo, de mi sino, de mi nada.

 

***

 

Os jardins de março

 

huyen como horizontes asaltados,
como estampidos tenues cuyo sentido ignoro.

José Luis Hidalgo

E de onde saíram estes pardalitos
que bebem no charco
que o inverno nos deixou

instantes fugazes do eterno
entre crocos e trevos
revolvendo
                um montículo de cascalho

E de onde saíram

buliçosas carriças
de um bosque de volantes enferrujados
soberanos das cercas inconsistentes

Cada um à volta da casa

        (o musgo do cansaço por todo o corpo
        a folhagem fugidia do asfalto
        o roçar da ramagem em cada encruzilhada)

Cada um à volta da casa
– com sua surpresa alada –
levanta remoinhos de esperança

        neste que é o jardim desordenado
        do meu eu, da minha sina, do meu nada.

 

Tradução do espanhol de Victor Oliveira Mateus

 


 

La Distancia Adecuada

Así es el laberinto de tu vida

no más que una rayuela de colores
                que el agua difumina
                en el asfalto

no más que cogolleras de hierbajos
                que abrazan a unos troncos
                impasibles

y en lo alto
una luna novísima en un cielo novísimo

De esta vida a una muerte
nos separa
un lento discurrir
        de escaleras mecánicas
                hacia el inmenso error de las aduanas

a través de buzones que proclaman
        las únicas direcciones imposibles

Hubo el tiempo
del albo florecer de las acacias
de las verdes manzanas
                agraces y dispersas
                por la mullida grama de los sueños

hubo el tiempo
de pálidas agujas en los pinos
de andar bajo la lluvia
                                descifrando
                                terrosos palimpsestos del camino

sobre el liquen rocoso
del olvido
ahora somos
                trazos en la madera
                crujidos en el viento

***

A distância adequada

É assim o labirinto da tua vida

não mais do que um colorido jogo da macaca
                que a água esfuminha
                no asfalto

não mais do que renovos de erva daninha
                que abraçam uns troncos
                impassíveis

E lá no alto
uma lua novíssima num céu novíssimo

Desta vida a uma morte
separa-nos
um lento andar
        de escadas rolantes
        para o enorme erro das fronteiras

através d’endereços que proclamam
        as únicas direções impossíveis

Era o tempo
do alvo florescer das acácias
das verdes maçãs
                ácidas e espalhadas
                pela macia grama dos sonhos

Era o tempo
das pálidas agulhas dos pinheiros
de andar debaixo de chuva
                                       decifrando
                                        os terrosos palimpsestos do caminho

sobre o líquen rochoso
do esquecimento
somos agora
                marcas na madeira
                gemidos no vento

 

Tradução do espanhol de Victor Oliveira Mateus

***

Nota de apresentação – Emilio Quintana Pareja (Loja, Granada, 1964) es poeta, ensayista y traductor. Toda su obra poética se recoge bajo el título de Las leyes de la herencia. Los versos que aquí se publican forman parte del libro inédito Poemas del camino de Bagarmossen (2019-2021).

 

 


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