sim, a noite
a magnífica noite
dar-me-á o silêncio
e a ternura da magnólia
abrindo-se para nós.
E os nossos passos
atravessarão a escuridão,
onde crescem as ervas daninhas,
levando-nos até ao mar
até ao canto
que resplandece no ar.
Fazer do poema um lugar
que compomos a partir
de um intervalo entre o som e o sentido,
(mais ou menos o disse Valéry)
é esculpir o enigma, traçar-lhe o contorno
da forma, emergindo do magma
da linguagem infinita.
ouvirás a música
que te chama
no assobio do vento
e temerás a noite
que acende todos os fantasmas.
Guarda o frágil fio
entre os teus dedos
rodarás sete vezes sobre ti
e cantarás a chama frágil
até que ela se apague.