Eu queria tanto Mãe,
Que voltássemos aos lugares do costume.
Sinto-me só na tua solidão.
Volta, para eu voltar para mim.
E quando à noite gritas ladainhas
eu deito-me ao teu lado e
canto uma cantiga de embalar.
Aconchegas-te a mim
Sorris.
E sei que adormeceste.
Ainda há pouco saíste pela porta, vestida do avesso,
e te perdeste nesse labirinto e me perdi a procurar-te
de lanterna na mão, a pedir a Nossa Senhora dos Caminhos
que não te falte nunca o regresso para casa.
Beijo-te as mãos
levo-te para dentro.
Vem que é na casa que te espero.
Vem que é na casa
que espero que não chegues
porque me começa a pesar, o peso disto tudo.
(…)
Por agora,
vais apagando o olhar
e adormeces usada e gasta encostada ao meu peito
e eu sei, Mãe,
que não regressarás nunca mais.