menu Menu
Poema (bilingue): Trad. Victor Oliveira Mateus
Por Hilario Barrero Publicado em Espanha, Literatura, Poesia a 2 de Março, 2021 401 palavras
Ensaio sobre O Livro de Horas de Rilke Anterior Um ensaio (Auschwitz e a Genialidade do Mal) Seguinte

LA PREGUNTA

                                          Para Carlos Medrano

No sabe si lo que el viento le robó
fue su inocencia o la cometa.
Atrapada en el árbol
el muchacho tiraba de la cuerda desesperadamente,
levantaba los brazos, se encorvaba,
quebraba alguna rama que caía
como un pájaro herido.
Casi desnudo, la mirada plomiza,
se alejaba girando la cabeza
por si un golpe de viento se la diera.
Mañana volverá como quien vuelve
en busca de un ahogado
para encontrar que alguien se llevó lo perdido.
Y aunque aún no lo sabe,
el viento de la noche le borrará la senda,
el árbol perderá las hojas y la sombra,
los pájaros su canto,
le robarán la llave
y el hilo del recuerdo le cortará las alas.
Y, lo que es peor, volverá a su casa sin cometa,
quemazón en las manos y un aliento de bala,
temiendo que su madre le pregunte
dónde pasó la noche.


A PERGUNTA

                                              Para Carlos Medrano

Não sabe se o que o vento lhe roubou
foi a sua inocência ou o papagaio.
Presa na árvore
o rapaz puxava a corda desesperadamente,
levantava os braços, curvava-se,
partia um ramo que depois caía
como um pássaro ferido.
Quase nu, o olhar de chumbo,
afastava-se voltando a cabeça
como se uma rajada de vento lhe desse.
Amanhã voltará como quem regressa
em busca de um afogado
para descobrir que alguém lhe levou o perdido.
E embora ainda não o saiba,
a brisa da noite apagar-lhe-á o caminho,
a árvore perderá as folhas e a sombra,
os pássaros o seu canto,
roubar-lhe-ão a chave
e o fio da lembrança cortar-lhe-á as asas.
E, o que é pior, regressará a casa sem o papagaio,
com as mãos a arder e um alento de bala,
temendo que a mãe lhe pergunte
onde passou a noite.

Tradução do espanhol por Victor Oliveira Mateus


Anterior Seguinte

keyboard_arrow_up