menu Menu
Poema (bilingue): Trad. Victor Oliveira Mateus
Por Fermín Herrero Publicado em Espanha, Literatura, Poesia a 14 de Janeiro, 2021 355 palavras
Um ensaio sobre a poesia de Inês Lourenço Anterior Poesia italiana contemporânea Seguinte

Has podido vivir oculto
y no lo has hecho, sea por vanidad
o por soberbia. En vez del buen sentir
te enfangaste en los varios devaneos.
Ya no podrás volver, ahora,
a lo mundano, sin espanto, ni a ninguna
pureza que no sea altiva.
No sembrará el que mira al viento
y el que mira a las nubes no segará.
Con un minuto de verdad,
ni siquiera los tres de Evstuchenko,
valdría. Pero no puedes ya
volver, no hay clarividencia,
todo es estar y estarse, nada más,
sin lejos; hasta la belleza vacía,
con frecuencia trastorna, es un penar
si no andas cierto, como de costumbre.
En los cables, ajenas, chían
las golondrinas y hay vencejos bullangueros
en el cielo. Me llevan hacia
el horizonte y la consolación:
por lo menudo, como candelas las encinas
al rescoldo de junio, que atardece.

Fermín Herrero Redondo (Ausejo de la Sierra, Soria, 1953), entre otros, se ha hecho merecedor de premios de poesía como Hiperión y Jaime Gil de Biedma. Premio de la Crítica de poesía por Sin ir más lejos, su último libro publicado es Húrgura (Editorial Páramo, 2020).


Tens conseguido viver escondido
e não o tens feito, nem por vaidade
nem por soberba. Em vez de uma conformidade
sujaste-te com devaneios vários.
Não poderás já regressar, agora,
ao mundano, sem espanto, nem a nenhuma
pureza que não seja altiva.
Não semeará aquele que fica olhando o vento
e o que apenas olha para as nuvens não ceifará.
Com um minuto de verdade
nem sequer o livro de Evstuchenko (1)
valeria. Mas não podes já
regressar, não existe clarividência,
tudo é estar e estar-se, nada mais,
sem distância; até a beleza arrogante
com frequência perturba, é um penar
se não andas de feição, como sempre.
Nos cabos, alheias, cantam
as andorinhas e há andorinhões alvoraçados
no céu. Conduzem-me na direção
do horizonte e da consolação:
amiúde, como candeias com achas
de azinheira num junho que entardece.

(1) O poema original alude aqui ao livro “Tres Minutos de Verdad, Versos y Poemas 1952-58” de Ievguêni Ievtuchenko.

Tradução de Victor Oliveira Mateus

Espanha Literatura Poesia


Anterior Seguinte

keyboard_arrow_up