a estante é, em si, uma
história: as tuas escolhas,
os teus dedos sobre o branco
agora que é tudo acabado:
levo os meus livros, despimos
essa estante: uma nudez
que não consigo encarar:
fui eu, texto, que me
servi de ti: da tua
subjetividade, dessa louca
vontade de transformar imagens,
emoções, em palavras:
amaldiçoo-te por isto, por
me quereres matar: na perspetiva
do texto, isto é: na minha perspetiva,
tu, autor, não passas de uma
personagem secundária: